sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Ai, que fase saudosista! Ainda hoje uma menina de uns quatro anos disse pra mãe dela: mãe, eu não sou cor da pele, eu sou cor de laranja. E criança pode ser o que quiser. E eu fui. Acreditei em papai-noel até os sete anos, volta e meia eu ainda acredito, às vezes vale à pena. Se eu pedia um picolé e a minha mãe dizia que não tinha dinheiro, com a praticidade dos oito anos eu respondia: dá um cheque, ué! Quando o Brasil foi campeão na olimpíada de 92 eu achava que contavam 12 medalhas de ouro no quadro geral. Mas não, só valia uma. Vi TV preto e branco até os quatro anos de idade, a TV colorida com caixa que lembrava madeira me hipnotizava. Eu achava que todos os programas eram ao vivo, incluindo os comerciais, e pensava: que chato ficar repetindo sempre a mesma coisa. Os jornalistas eram gênios, sabiam de tudo. Eu adorava encapar os cadernos, minha caixa com 24 lápis-de-cor era meu tesouro e os tênis deixavam de servir de um ano pro outro. Agora, que eu calço o mesmo número há 15 anos e há pelo menos dez não escrevo uma carta à mão (nem pro Papai Noel, nem pra Xuxa e nem pra Hellen, lá em Torres) as coisas são bem menos mágicas. Não são melhores, nem piores. São diferentes. Há encantos em todas as fases da vida. Mas nada como poder achar que se é cor de laranja ao invés de cor da pele.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ai que cheiro de mofo que já tava neste blog! Ainda bem que eu não tenho rinite, e peço desculpa pra quem tem e volta e meia passa por este blog empoeirado pra ver se eu criei vergonha na cara de atualizá-lo. Então, depois de um longo e tenebroso inverno quente eu apareci com um assunto malemolente, cheio de charme, swing, elegância, envolvência, carisma e que eu acho que deve ser um assunto cheiroso também (ainda não tive a chance de ‘cafungar’ no cangote do assunto). Vim falar do Rick Martin. Que quê foi? Ta rindo de quê? Nunca dançou “Não se reprima”? Nunca mesmo? Pensa bem. E aquele casamento da tia encalhada em 87? Hã? E aquela festa de final de ano da oitava série em 92? Heim? Festa Trash! Festa Trash anos 80 tá na moda e sempre toca “Não se Reprima”! O quê? Não dançou “Não se reprima”? Ah, nem vem, “Não se reprima”, “Macarena” e “Segura o tcham, amarra o tcham” todo mundo já dançou. E desta velharia toda me restou o Rick (pros mais íntimos). Noite passada ainda sonhei que estava num show dele. Acordei me perguntando: Hã? O Rick Martin canta? É que o mínimo de senso eu ainda tenho e sei que a voz não é o principal atrativo deste latino que, dizem as más, mas muito más línguas, a única mulher que ele gosta é a mãe dele. Bem, certas coisas não se explica! Não tem quem torça pro Avaí? Não tem quem tome Pepsi Light? Não tem quem assista Caminhos do Coração, na Record? Não tem quem ouça Kalypso? Já ouvi dizer que tem até gente que gosta de batata frita com goiabada. Então, eu simplesmente gosto do Rick Martin. Vou fazer o quê? E quer saber? Desespere-se: não sou só eu que gosto dele. Uma geração inteira de meninas que usavam cabelo tipo Chitãozinho e Xororó, tênis Conga (as botas de plástico da Xuxa vieram depois) e que ligavam a TV (sem controle-remoto) e assistiam um grupo de cinco magrelos com roupas parecidas com a do Jaspion fazendo playback no Maracanã lotado de adolescentes histéricas está no mesmo barco que eu. As fãs do Rick Martin estão por aí. Pode ter uma bem do seu lado e você nem sabe. Porque nem todas gostam declaradamente como eu e algumas das minhas amigas balzaquianas. E ó, se conselho se fosse bom a gente não dava, vendia: mas se você também gosta do Rick Martin, não segure muito seus instintos porque isso não é natural, não se reprima, menina! E digo mais: um, dois, três, um passito adiante, Maria, um, dois, três, um passito pra trás! Uepa!!!!!!!