quarta-feira, 11 de novembro de 2009


Eu tenho 30 anos e ainda não sei se acredito em destino ou coincidência. No geral, meu conceito é que destino é romântico e que a coincidência é técnica. Acreditar em destino é achar que alguma coisa mágica estava traçada quando você nasceu exatamente naquela cidade, estudou exatamente naquela escola, conheceu exatamente aquelas pessoas, fez tal faculdade, foi trabalhar em tal emprego, namorou tal pessoa. Já a coincidência é você analisar friamente todos estes acontecimentos e pensar que tudo podia ter sido diferente, mas não foi, e que os lugares e as pessoas apareceram na sua vida por força da ocasião, mas sem nenhum sentido especifico, só mera coincidência. Encontrar a mesma pessoa vários dias seguidos no elevador, será coincidência ou destino? Teu filho começar a namorar a filha daquele cara que você era apaixonada na escola, coincidência ou destino? Ser contratada pra ser chefe daquela pessoa que há anos te humilhou como estagiária, coincidência ou destino? Conseguir comprar passagem na promoção relâmpago da Gol justamente para o lugar que você sonha e nos únicos quatro dias do ano que você pode viajar, coincidência ou destino? Não sei. Eu realmente fico tão confusa entre um e outro que eu prefiro acreditar que eu sou, simplesmente, uma pessoa de muita, muita sorte. Sorte de ter nascido onde nasci, ter conhecido quem conheci, ter escolhido uma profissão apaixonante e ter ido naquela festa, aquele dia, de um aniversariante desconhecido e ter encontrado aquela pessoa. Se tudo o que eu vivi até hoje foi obra do destino ou pura coincidência, eu to pra saber. Mas uma coisa eu sei, eu não mudaria nada, nadinha, porque eu tive muita sorte nas coincidências do meu destino.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Rena, pinheiro, neve, trenó, luzes nas sacadas, guirlandas nas portas, ui que saco! Não sou nada natalina, mas nada mesmo. Nunca fui. Sempre soube que papai-noel não existia. Acho péssimo esse clima de sensibilidade aflorada e espírito de paz e amor ao som de Jingle Bell Rock. Coisa mais nada a ver! Não dá pra levar a sério uma fila de criança no shopping esperando pra sentar no colo de um senhor vestido de roupa de cetim vermelha, brega e quente pra caçamba, uma barba de mentira que pinica, uma luvinha de assassino do jogo Detetive, uma botina de exército, um gorrinho de duende e que diz que veio do Pólo Norte. Ah, sem chance. Aliás, alguém aqui já acreditou que um trenó voador puxado por viados alados veio da Lapônia, norte da Escandinávia, esquina com a PQP, trazendo um velhinho com roupa cheia de pêlo que chegava aqui no calor infernal do nosso verão e, com a maior disposição jogava presentes nas chaminés? Ah, faça-me o favor!Isso parece criação de carnavalesco afetado da segunda divisão da liga das escolas de samba do Piauí! Até acho bacana a história das pessoas ficarem boazinhas no natal, mas, geralmente, pra despertar este sentimento é necessário uma propaganda bonita na TV com uma música melosa e uma historinha de milagres, não é uma coisa natural. Os dias 24 e 25 de dezembro podiam ser qualquer dia, de qualquer mês. Se natal é um espírito de paz, reconciliação, fraternidade e amor, precisa presente? E se natal é presente, precisa tanto discurso? Uma coisa, definitivamente, não combina com a outra e, tudo isso combina muito menos ainda com a história de um velhinho vir da Lapônia distribuir presentes justamente na época do 13° salário.

terça-feira, 3 de novembro de 2009


Já perdeu alguma coisa hoje? Todo mundo perde alguma coisa todo dia. Perde o horário, a chave, o celular, o ônibus, tarraxa de brinco, guarda-chuva, amarrador de cabelo. Perde a liquidação da loja preferida, o prazo de inscrição do concurso, uma prova, dinheiro, uma senha, um numero de telefone, o juízo. E de tudo, o pior é perder uma pessoa. E é possível perder pessoas de várias formas. Perder uma criança na praia e depois achar. Perder um parente ou um amigo que não voltam mais. Perder de conhecer uma pessoa porque não foi no casamento daquela amiga. Perder o convívio de um amigo que foi morar longe. Ou, simplesmente, perder: ter e depois não ter mais. Perder uma pessoa é algo bem menos simples que perder chave, por exemplo, da qual se pode fazer uma cópia. Não existe, ainda, cópia de pessoas – e não serve gêmeo ou clone. Aos que já perderam alguém - alguém que ainda tá vivo, que não é criança na praia e que não foi morar longe -, os sentimentos pós perda podem variar entre alívio e desespero. Ou, pode ficar apenas uma severa punição chamada saudade. E eita saudade descabida aquela que a gente sente por quem está perto. Então, quando for realizar a “perda do dia”, evite que seja a perda de uma pessoa do seu convívio. Porque apesar de toda a burocracia, ainda é mais fácil refazer carteira de identidade, do que reconstituir sentimentos.